sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
terça-feira, 6 de outubro de 2009
A história do mestre Gichin Funakoshi se confunde com a própria história do Karate, por isso a ele é creditado o título de "Pai do Karate Moderno", devido aos seus esforços em divulgar essa arte para o mundo.
Os primeiros contatos com o Karate
Gichin Funakoshi nasceu em Shuri, Okinawa, em 1868, o mesmo ano da Restauração Meiji.
Funakoshi era filho único e logo após seu nascimento foi levado para a casa dos avós maternos, onde foi educado e aprendeu poesia clássica chinesa. Algum tempo depois ele começou a freqüentar a escola primária, onde conheceu outro garoto de quem ficou muito amigo. Esse garoto era filho de Yasutsune Azato, um dois maiores especialistas de Okinawa na arte do Karate, e membro de uma família das mais respeitadas. Logo Funakoshi começou a tomar suas primeiras lições de Karate.
Como na época a prática de artes marciais era proibida em Okinawa, os treinos eram realizados à noite, no quintal da casa de mestre Azato. Lá ele aprendia a socar, chutar e mover-se conforme os métodos praticados naqueles dias. O treinamento era muito rigoroso. Mestre Azato tinha uma filosofia de treinamento que se chamava "Hito Kata San Nen", ou seja, "um kata em três anos". Funakoshi estudava cada kata a fundo e, só então quando autorizado pelo seu mestre, seguia para o próximo...
Enquanto praticava no quintal de Azato com outros jovens, outro gigante do Karate, mestre Itosu, amigo de Azato, aparecia e observava-os treinando kata, fazendo comentários sobre suas técnicas. Era uma rotina dura que terminava sempre de madrugada sob a disciplina rígida de mestre Azato, do qual o melhor elogio se limitava a uma única palavra: "Bom!". Após os treinos, já quase ao amanhecer, Azato falava sobre a essência do Karate.
Após vários anos, a prática do Karate deu grande contribuição para a saúde de Funakoshi, que fora uma criança muito frágil e doentia. Ele gostava muito do Karate, mas como não pensava que pudesse fazer dele uma profissão, inscreveu-se e foi aceito como professor de uma escola primária em 1888, aos 21 anos, aproveitando toda a cultura adquirida desde a infância quando seus avós lhe ensinavam os Clássicos Chineses. Esta deveria ser sua carreira a partir de então.
O Karate começa a ser ensinado nas escolas de Okinawa
Em 1902, durante a visita de Shintaro Ogawa, que era então inspetor escolar da prefeitura de Kagoshima, à escola de Funakoshi em Okinawa, foi feita uma demonstração de Karate. Funakoshi impressionou bastante devido ao seu status de educador. Ogawa ficou tão entusiasmado que escreveu um relatório ao Ministério da Educação elogiando as virtudes da arte. Foi então que o treinamento de Karate passou a ser oficialmente autorizado nas escolas. Até então o Karate só era praticado atrás de portas fechadas, o que no entanto não significava que fosse um "segredo".
As casas em Okinawa eram muito próximas umas das outras, e tudo que era feito numa casa era conhecido pelas casas adjacentes. Enquanto muitos autores pregam o Karate como sendo um segredo àquela época, não era exatamente isso o que se encontrava na prática. O Karate era "oficialmente" secreto...
Contra os pedidos de muitos dos mestres mais antigos de Karate que não eram a favor da divulgação da arte, Funakoshi trouxe o Karate até o sistema público de ensino, com a ajuda de Itosu. Logo as crianças de Okinawa estavam aprendendo kata como parte das aulas de Educação Física. A redescoberta da herança étnica em Okinawa virou moda, e as aulas de Karate em Okinawa eram vistas como uma coisa legal.
Alguns anos depois, o Almirante Rokuro Yashiro assistiu a uma demonstração de kata. Essa demonstração foi feita por Funakoshi junto com uma equipe composta por seus melhores alunos. Enquanto ele narrava, os outros executavam kata, quebravam telhas, e geralmente chegavam ao limite de seus pequenos corpos. Funakoshi sempre enfatizava o desenvolvimento do caráter e a disciplina nas suas narrações durante essas demonstrações. Quando ele participava, gostava de executar o kata Kanku Dai, o maior do Karate, e talvez o mais representativo. Yashiro ficou tão impressionado que ordenou a seus homens que iniciassem o aprendizado na arte.
Em 1912, a Primeira Esquadra Imperial da Marinha ancorou na Baía de Chujo, sob o comando do Almirante Dewa, que selecionou doze homens da sua tripulação para estudarem Karate durante uma semana.
Foi graças a esses dois oficiais da Marinha que o Karate começou a ser comentado em Tokyo. Os japoneses que viam essas demonstrações levavam as histórias sobre o Karate consigo quando voltavam ao Japão. Pela primeira vez na sua história, o Japão acharia algo na sua pequena possessão de Okinawa além de praias bonitas e o ar puro.
A História do Karate-do no Japão
O Karate foi introduzido no Japão recém na década de 1920 e sofreu algumas modificações. Como foi dito anteriormente, o significado do ideograma (símbolo da escrita japonesa) Kara significava “Chinesa” e devido a que o Japão e a China haviam entrado em guerra muitas vezes ao longo da história, inclusive recentemente, os japoneses não iriam aceitar essa arte no seu país. Ainda, o Karate não tinha, até então, um método de ensino formal e padrão, sendo ensinado por cada mestre segundo o seu gosto particular, nem mesmo havendo um uniforme (gui) especial como os das outras artes marciais japonesas como o Kendo e o Judo, por exemplo. Tudo isto exigiu mudanças para que esta arte okinawense pudesse ser aceita pela sociedade e a cultura japonesa.
(Tode-jutsu Karate-do)
Os ideogramas japoneses podem ser lidos de duas maneiras (“kun” e “un”) segundo o seu significado ou pronuncia chinesa ou japonesa. Existe outro ideograma com a mesma pronuncia “Kara” do Karate, mas com outro significado que não “chinesa”. Este outro ideograma tem origem no termo Sunya ou Sunyata do sânscrito que significa “zero”, “vazio”, e é muito usado na tradição Zen-Budista com esse significado. Vários dos mestres que queriam introduzir o Karate-do no Japão decidiram adotar este outro símbolo e também trocar a expressão “jutsu” (técnica ou arte) por “do” que deriva da palavra chinesa “tao” (via, caminho). Este nome pareceu, então, apropriado já que descreve uma arte de luta sem armas e também duas características importantes do Zen-Budismo: a “mente vazia” (sem preocupações, ódio, inveja ou desejo) e o “caminho”, a “via” que devemos transitar para chegar à iluminação.
O passo seguinte foi a adoção do karate-gui ("kimono") branco, um uniforme igual para todos, e o sistema de faixas e graduações de Kyus (faixas coloridas, da branca até a marrom) e Dans (do 1o ao 10o grau para os faixas-preta) similar ao que era usado no Judo.
No ano de 1933, o Dai Nippon Butokukai, órgão japonês encarregado das artes marciais, reconheceu oficialmente o Karate-do como arte marcial.
Posteriormente, no Japão, foram criados outros estilos de Karate-do, alguns dos quais são muito conhecidos no mundo todo:
• O mestre Hironori Ohtsuka (1892-1982) era praticante avançado de Ju-jutsu e aprendeu Karate-do com o mestre Funakoshi, quando este o introduziu no Japão e posteriormente com o Mestre K. Mabuni. No ano de 1931, o mestre Ohtsuka decidiu fundar seu estilo chamando-o Wado-Ryu, sendo o primeiro japonês (não okinawense) a criar um estilo de Karate-do.
• Gogen Yamaguchi (1909-1989) aprendeu Goju-Ryu com com Jitsuei Yogi e com o mestre Miyagui, quando este visitou o Japão central. Foi o criador da linha Goju-Kai no Japão.
• Matsutatsu Oyama (1924-1994), nasceu na Coréia e seu verdadeiro nome era Hyung Yee. Quando criança, no seu país natal, aprendeu Chabee (uma combinação coreana de Ju-jutsu e Kempo). Depois, aprendeu Karate-do Shotokan no Japão mas buscou novas formas de treinamento e de luta criando em 1961 o Kyokushin-Kai . Também teve a oportunidade de aprender e intercambiar técnicas com Gogen Yamaguchi e outros mestres de Karate-do e Kung-fu .
Hoje em dia são muitos os diferentes estilos reconhecidos oficialmente pela federação mundial de Karate-do e falar de cada um deles seria demais para esta pequena contribuição. A idéia deste trabalho é fazer uma pequena introdução sobre a história do Karate-do e dos estilos mais antigos para compartilhar com os nossos Otogai. Cabe dizer que outras artes marciais no Japão e em vários outros países da Ásia também foram influenciados pelo Kempo chinês e tiveram um desenvolvimento muito importante.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
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